Uma ótima pedida para os chás, sopas, massas, chocolate quente, bolinho de chuva com sessão da tarde em baixo do edredon, noites regadas a um bom vinho com os amigos e quem sabe o "amor".
Tenho um carinho muito especial por essa estação do ano, pois, me traz lembranças de minha infância no Paraná, com noites aconchegantes e manhãs com céu aberto e a grama branca, as vezes queimada pela geada. Bons tempos!
Boas lembranças fazem um presente agradável e um futuro melhor. Vamos aproveitar a estação do frio e aquecer nossos corações.
Há quem não goste e reclame do inverno, mas, o charme e a elegância da estação são indiscutíveis. Eu sou fá do inverno!!!
Segue um poema sobre o inverno do livro "Romances de estância e querências - Marcas do tempo" de Aureliano de Fiqueiredo Pinto, que retrata o sentimento da estação. Muito Bonito!Aqui estou, Sr. Inverno
Autoria: Aureliano de Figueiredo Pinto
Já sei que chegas, Inverno velho!
Já sei que trazes - bárbaro! O frio
e as longas chuvas sobre os beirais.
Começo a olhar-me, como em espelho,
nos meus recuerdos... Olho e sorrio
como sorriram meus ancestrais.
Sei que vens vindo... Não me amedrontas!
Fiz provisões de sábias quietudes
e de silêncios - que prevenido!
Vão-se-me os olhos nas folhas tontas
como simbólicos ataúdes
rolando ao nada do teu olvido.
Aqui me encontras... Nunca deserto
do uivo dos ventos e das matilhas
de angústias vindo sem parcimônias.
Chega ao meu rancho que estou desperto:
- sou veterano de cem vigílias,
sou tapejara de mil insônias.
Aqui estarei... Na erma hora morta,
junto da lâmpada, com que sonho,
não temo estilhas de funda ou arco.
Tuas maretas de porta em porta,
os teus furores de trom medonho
não trazem pânico ao bravo barco.
Na caravela ou sobre a alvadia
terra do pampa - cerros e ondas
meu tino e rumo não mudarão.
No alto da torre que o mar vigia,
ou, sem querência, por longas rondas,
não me estrangulas de solidão.
Tua estratégia de assalto e espera
conheço-a muito, fina e feroz:
de neve matas; matas de mágoa;
derramas nalma um frio de tapera;
nanas ausências a meia voz
e os olhos turvos de rasos d'água.
Comigo, nunca... Se estou blindado!
Resisto assédios, que bem conduzes,
no legendário fortim roqueiro.
Brama as tuas fúrias de alucinado!
- Fico mais calmo que as velhas cruzes
braços abertos para o pampeiro.
Os meus fantasmas bem sei que animas
para, num pranto de vãs memórias,
virem num coro de procissão
trazer-me o embalo de velhas rimas.
- À intimidade dessas histórias
tenho aço e bronze no coração.
Então soluças pelas janelas,
gemes e imprecas pelos oitões,
galopas louco sobre as rajadas,
possesso, ululas entre procelas.
E ébrio, nas noites destes rincões
lampejas brilhos de punhaladas.
Inútil tudo! Vê que estou firme.
Nenhum receio me turba o aspeto,
nenhuma sombra me nubla o olhar.
Contigo sempre conto medir-me
frio, impassível, bravo e correto
como um guerreiro que ia a ultramar.
Reconciliemo-nos, velho Inverno!
Nem és tão rude! Tão frio não sou...
Venha um abraço muito fraterno.
Olha...
Esta lágrima que rolou
não a repares...
É de homenagem
a alguém que aos céus se fez de viagem,
e nunca... nunca! Nunca mais voltou...
Sou suspeita, pois esta é minha estação favorita. Adoro as coisas deliciosas que ela proporciona: pessoas elegantes, gastronomia, encontros com amigos e quem sabe o "amor".
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